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CRÔNICAS

A redenção alvirrubra

O primeiro golpe veio aos 29. A tensão naquele momento chegava a ser palpável. A festa tinha sua primeira pausa dramática. A empolgação e a euforia davam lugar a preocupação. E agora? Intervalo. Hora de renovar a energia, dar início ao segundo tempo e ensaiar um recomeço. 55 minutos, o segundo golpe. Para muitos, esse foi fatal. A torcida deixando o estádio, os olhares incrédulos, o choro. Calma aí, aguenta só mais dez minutos. Gol do Naútico. A emoção não cabia mais nas quatro linhas e transbordava por toda a arquibancada. A torcida saindo de seu estado de transe para mergular na esperança. Mas a verdade é que , depois dos 90 minutos, a esperança cansa. 

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bola de tênis

Não costumo ser um ser de corpo são, porém gosto, de vez ou outra quando estou entediado, de procurar uma quadra de tênis e jogar um pouco. Mais um esporte de bretão na minha lista de favoritismos, elevo sempre para este como argumento a favor da sua prática a facilidade de se jogar, sem demandar a necessidade de muita gente – bastando apenas dois calangos com raquetes que está tudo certo. Bate bola inicia e a distração já está garantida. Porém, entre tantos entretantos, considerando que é um esporte relativamente barato quanto a material e a larga disponibilidade de quadra pública em grandes centros urbanos, e que não demanda da boa vontade de tanta gente assim para se jogar, é de estranhar a litania de que o tênis é, sobretudo, um esporte de elite.

Esporte de grã-fino

Grampos na bola de futebol

Se tive unha não me lembro, se tive coração batendo normalmente não me lembro igualmente, e a voz já não é a mesma desde 2005, ano que torcedores do Náutico gostariam de apagar da memória. Foi o  jogo mais bizarro e atípico da história do futebol Brasileiro. Eu, na época criança, não conseguia ver o jogo direito de tão lotado que estava o caldeirão, mas ao alcance de minha limitação, estava minha voz pulsante, meus gritos, e a cada 10 min de partida: um flash! Jogo terminado, decorrente de choro e agonia, tornei meu coração forte. "É um desafio torcer para o Náutico filha, se acostume meu bem", falou meu pai tentando me consolar da frustração enorme. 

Coração e nervos, testando…!

Homem, com, netos

Ritual de domingo

Durante grande parte da minha infância, frequentei os jogos do Sport semanalmente com vovô Nando, meu avô materno. Por ser a neta mais velha, acho que ele viu em mim uma oportunidade de compartilhar o amor pelo time e pelo futebol, que nunca conseguiu passar aos filhos. E, assim, fez-se uma rotina que me encantava. Todos os domingos, por volta das 14h, meu avô buzinava no portão. Descia correndo e entrava no carro o mais rápido que podia, para não perder um minuto daquele nosso ritual. Na chegada ao estádio, meu avô comprava pipoca para mim e uma cerveja para ele, conversávamos sobre nossa semana até a hora do jogo, e depois daquelas duas horas, que eu, sinceramente, não entendia nada mais do que a bola na rede, íamos embora, parando para comer uma pizza, quando o Sport ganhava, ou um espetinho, quando perdia.

Estádio de futebol

Náutico, um sentimento que nunca vai acabar

O grande dia tão esperado por milhares torcedores apaixonados pelo vermelho da luta e branco da paz enfim tinha chegado, era dia de sair do inferno, da masmorra da serie C que vinha por afligir toda a torcida do Náutico. Um time com tanta história e tradição, que não cabia de maneira alguma na terceira divisão. Na Avenida Rosa e Silva, não era possível avistar mais nada além das cores do alvirrubro dos aflitos, completamente tomada por uma multidão que gritava com muito amor do fundo da alma as sete letras mágicas N-Á-U-T-I-C-0. Com uma festa tão bonita na recepção do ônibus do seu time, que impressiona a todos que veem tal imagem.

Goleiro

Sport 7 x Ivete 1

Saudações, amigos! Hoje é dia de clássico pernambucano: o jogo dos jogos, o duelo dos duelos, a guerra das guerras. Ele mesmo: o Clássico dos Clássicos. Nas ruas do Recife, a cidade ferve. Sport de um lado, Náutico do outro, as bandeiras das seleções pernambucanas enfeitam os sinais de trânsito – colocadas por vendedores espertos -, e as costas dos mais fanáticos torcedores da capital. Não é qualquer jogo: é duelo, batalha, festa e celebração. É clássico. Enquanto vejo a movimentação das massas rubro-negras e alvirrubras, me recordo, caríssimos, do maior Clássico dos Clássicos que já fui. O Épico dos Clássicos, o crème de la crème da história do futebol pernambucano.

Casa, torcida e alma lavada

Campo de futebol

O futebol costuma dar de ombros para a sensação de estabilidade e prova, apenas existindo, que todo segundo de tempo é uma eternidade fugaz. Na vida, o que não se faz em um minuto, o futebol resolve em meio milésimo. No dia 8 de setembro de 2019, o futebol se encarregou de preparar um roteiro de cinema no estádio dos Aflitos. Um filme que separou eras, dividiu uma história centenária e exorcizou fantasmas do passado. Em meio a filas quilométricas, quatro dias foram suficientes para esgotar até mesmo o não-espaço. Se a ansiedade ditasse regras, a madrugada do sábado para o domingo teria sido vivida dentro da segunda casa de todo alvirrubro.

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Meu pai, ketchup e Juninho Pernambucano

O ano em que nasci, 1998, foi o mais feliz de todos para meu pai, porque o Vasco foi campeão da Libertadores graças ao gol de Juninho Pernambucano contra o River Plate no Monumental e, segundo ele, meu nascimento foi o motivo disso acontecer. Com isso, virei o amuleto de sorte e até os cinco anos tinha toalha, boné e todos os apetrechos do time mas sentia ciúme desse amor infinito do meu pai por um time. 
Competia pelo amor roubado pelo Vasco como os próprios jogadores roubavam a bola mas nada funcionava e, com ele definitivamente só ia brincar comigo quando acabasse o jogo, decidi me unir ao inimigo. 

Rede de Voleibol

O ego que degringolou o menino prodígio

Julho de 2013, no calor do sol típico do inverno pernambucano, os gritos dos adolescentes naquela quadra abafada, que mais pareciam as trombetas do apocalipse, anunciavam o jogo que estava por vir no horário do almoço. Era a final do campeonato juvenil de vôlei, a época já era conhecida, gente de todos os colégios, e até de fora, vinham assistir os jovens jogando como se nada mais no mundo importasse - até porque estavam no ensino médio de escolas particulares, então nada mais importava de fato -. Os times não eram nada amigos, já tinham acontecido outros combates. Na verdade, todo ano era a mesma coisa, sempre no mês de julho os dois se encaravam por uma rede e batiam na bola com tanta força que chegava a dar pena daquele objeto inerte.   

Estádio Futebol Americano

Desventuras em série

É difícil gostar de futebol americano. Tenho uma série de justificativas que posso usar para sustentar essa afirmação. O povo te olha com desconfiança, quase como se fosse doença. Minha família por parte de pai - tricolores doentes - acham que não me levaram o suficiente ao Arruda na infância. É hilário. Ninguém entende a dor de ter que esperar 6 meses pro início de uma temporada e ver ela passar voando. De juntar aquele dinheirinho suado pra pagar o pacote de canais específicos da TV fechada, porque a NFL é restrita a uma emissora no país. Claro, quem tem futebol disponível os 365 dias do ano, manhã, tarde e noite, não entende mesmo. 

A maior de todas as derrotas

Bola de futebol-de-rosa

O futebol sempre esteve presente na minha vida. Minha primeira lembrança com o esporte mais popular do mundo foi, por incrível que pareça, um jogo onde o Sport, meu clube do coração, perdeu para o Santa Cruz, seu maior rival. A peleja ocorreu no longínquo 2004, na Ilha do Retiro, e Carlinhos Bala - que viria a se tornar um grande ídolo no Leão - foi o autor do gol que deu a vitória ao Tricolor do Arruda. Mas essa foi apenas uma derrota comum. Não foi a catástrofe insuperável - até o momento - que aconteceria cinco anos depois. Um dia no qual derramei lágrimas pela primeira vez após um jogo. E não fui só eu. Milhares de Rubro-Negros não conseguem aceitar o que aconteceu naquela noite de 12 de maio de 2009.

Jogadores de futebol

Um roteiro perfeito

Era dia 08 de setembro de 2019. Dia de jogo que definiria – ou não – a classificação do Náutico para a série B. Em 25 minutos de jogo, o pior pesadelo para os alvirrubros começou: primeiro gol do Paysandu. Logo, seria 2 a 0 e o sonho do acesso estava cada vez mais longe. Como se a classificação estivesse na lua e o time fosse o astronauta americano. Após o intervalo, que para os torcedores parecia uma eternidade, o time volta com garra para os últimos 45 minutos de jogo. O tempo que o Timbu tinha para subir para a série B. Um gol feito aos 40 minutos. Só mais uma chance para alcançar. Só mais 5 minutos. Parecia impossível. Pênalti para o time alvirrubro. Gol. 2 a 2. A decisão será nos pênaltis.

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