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A redenção alvirrubra

DANIELLE SANTANA

O primeiro golpe veio aos 29. A tensão naquele momento chegava a ser palpável. A festa tinha sua primeira pausa dramática. A empolgação e a euforia davam lugar a preocupação. E agora? Intervalo. Hora de renovar a energia, dar início ao segundo tempo e ensaiar um recomeço. 55 minutos, o segundo golpe. Para muitos, esse foi fatal. A torcida deixando o estádio, os olhares incrédulos, o choro. Calma aí, aguenta só mais dez minutos. Gol do Náutico. A emoção não cabia mais nas quatro linhas e transbordava por toda a arquibancada. A torcida saindo de seu estado de transe para mergulhar na esperança. Mas a verdade é que , depois dos 90 minutos, a esperança cansa. 

Bola na área, últimos 30 segundos. Bola na mão? Mão na bola? O silêncio. Pênalti. A torcida fazendo jus ao nome do estádio até que a cobrança fosse convertida. Empatou. O alívio durou apenas alguns segundos antes de voltar a se transformar em aflição. Chegou a hora de decidir se é tudo ou nada. Foi tudo!

Depois da ultima cobrança, torna-se difícil descrever o que aconteceu. O momento eternizado na memória dos alvirrubros durou alguns segundos, ou uma eternidade. A volta por cima parecia fazer parte de um roteiro escrito especialmente para o time. O Náutico precisava provar para si mesmo e para a torcida que sair atrás no placar não era mais um problema, o clube deixava seus traumas para trás e chegava a um novo patamar. Parecia até Copa do Mundo. E quem vai dizer que não era? A redenção alvirrubra.

Agora, cada pedaço de grama dos Aflitos se encontrava ocupado por aqueles que são seus donos por direito, a torcida do Náutico. Cada um expressava sua emoção da maneira que podia, lágrimas, gritos, pulos ou simplesmente ficar parado olhando para a barra onde o destino alvirrubro foi decidido. A história estava sendo reescrita diante daqueles olhos. 

O momento se tornava catártico, uma nova batalha dos Aflitos tinha acontecido, mas dessa vez o campeão, mesmo que sem título, era o Náutico. Naquele momento, nada mais importava. A torcida abraçava o seu time enquanto engolia o do Paysandu, mero coadjuvante numa história que nunca lhe pertenceu. A reviravolta fez da perseverança alvirrubra a personagem principal. O passado não tinha mais relevância. O Náutico voltou à Série B.

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