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Além das quatro linhas: a correnteza feminina por um espaço à beira do campo

Em meio ao universo do futebol feminino, a realidade de mulheres que ainda vislumbram o protagonismo

reportagem: vittoria fialho

EDIÇÃO: Letícia sarinho

No futebol feminino brasileiro, apenas 30% dos integrantes das comissões são do sexo feminino. De acordo com censo realizado pelo Globoesporte, em 2019, fora das quatro linhas, a maior concentração de mulheres ainda se dá em posições de menor exposição – psicólogas e nutricionistas. O dado além de apontar a predominância masculina nas áreas técnicas, traz  à tona questionamentos a respeito da oportunização às mulheres.

 

O levantamento envolveu todos os clubes das Séries A1 e A2 do Campeonato Brasileiro deste ano, traçando um caminho entre o funcionamento das equipes e a participação das mulheres. Em meio a um total de 52 times, apenas três iniciaram o campeonato sendo liderado por uma figura feminina: o Santos-SP, com a ex-técnica da seleção brasileira Emily Lima; a Ferroviária-SP, da recém campeã nacional Tatiele Silveira; e o Sport-PE, com Keila Felício.

 

Historicamente, um espaço relegado durante décadas ainda segue em processo de contínua desconstrução. Para tanto, a esperança de uma mudança de cenário no futebol feminino é renovada através do sonho de muitas mulheres.

 

Camila Aveiro, 25 anos, após frustração na carreira de atleta, descobriu que a vida poderia ser redesenhada. O curso de educação física foi o seu principal gatilho. “Pude ter contato com o que imaginava pra mim. Sempre acompanhei a prática nos jogos, mas a teoria foi apaixonante. Juntei tudo isso e me encontrei”, comentou.  

 

A aspirante à treinadora se define como uma “apaixonada pela teoria do jogo”. Camila, já formada, realiza trabalhos como analista de desempenho e ressalta a importância do fortalecimento entre as mulheres na caminhada. “Recentemente, estagiei na Ferroviária, clube finalista do Brasileiro e fiquei encantada. Fui a convite de uma amiga, o que foi legal demais. Foi o meu primeiro contato com a realidade do futebol feminino profissional. Um choque, mas voltei muito inspirada”, declarou.  

 

O choque, definido por Camila como “infelizmente necessário”, quando transformado em números, torna-se ainda mais latente. Nas comissões técnicas no futebol feminino brasileiro, além da predominância masculina partindo de um olhar geral, é um possível perceber um outro recorte se o direcionamento envolver o cargo de comando.

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Fonte: Censo Globoesporte

Keila Felício, 41 anos, faz parte desta estatística. À frente do Sport Club do Recife no Brasileiro A1 2019, a ex-jogadora passou por diversas funções até participar diretamente do futebol feminino profissional – fora das quatro linhas. “Já tinha trabalhado como treinadora, mas apenas no futsal aqui do clube. É uma função que me faz sonhar com coisas maiores. A Tatiele foi campeã com a Ferroviária e serve de inspiração. Toda essa história emociona e dá um gás pra lutar por mais”, disse.

TATIELE SILVEIRA 

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Crédito: Lucas Figueiredo/CBF

Tatiele Silveira (direita) comemorando título do Brasileiro A1.

No último domingo (29), Tatiele Silveira, atual comandante da Ferroviária-SP, se tornou a primeira técnica mulher campeã do Brasileiro Feminino A1. Desde 2013, em um novo formato de campeonato, apenas homens saíram vencedores. No ano de 2016, a técnica Emily Lima foi a primeira a chegar à final e, agora, três anos depois, mais um capítulo do futebol feminino foi escrito por uma treinadora mulher.

“Toda essa história emociona e dá um gás pra lutar por mais”

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