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Um olhar para o futuro

através do balé 

O projeto Pontinha de Futuro conta com o suporte social da ONG Mirim Brasil, somando neste mês de novembro o recorde de 100 alunos participantes 

reportagem: vittoria fialho

edição: letícia sarinho

Recife. Casa Amarela. Paróquia Santa Isabel. Ainda no portão de entrada, uma música suave conduz você até o primeiro andar da diocese. Já nas escadas, a melodia se mistura a vozes infantis. No corredor, na sala de número dois, é onde o projeto Pontinha de Futuro ganha vida. Nele, 100 crianças e adolescentes encontram uma perspectiva social através do balé clássico.

“Maior alegria da minha vida é ver a minha filha feliz aqui. Ela sempre me perguntava: ‘mainha, é caro pra fazer esporte?’. Tinha medo de começar a pagar e faltar no mês seguinte. Me sinto realizada sempre que vejo ela vestida para vir”, diz a manicure Paula Silva, 37, mãe da aluna Victória Evelyn, recém-chegada ao grupo. Victória foi o último nome da lista de espera a ser chamado.
 

A saudável concorrência tem relação direta com o crescimento do Pontinha de Futuro. Três anos de estrada e um retorno diário da comunidade que abraça o projeto.

A INICIATIVA E O SONHO

O projeto social Pontinha de Futuro, idealizado pela professora e bailarina Jay Figueirêdo, 41, faz do balé a ponte de diálogo entre crianças, adolescentes e familiares de comunidades próximas à Paróquia. Há três anos, o primeiro passo foi dado no Alto do Mandu, bairro localizado na Zona Norte do Recife. Em uma sala pequena, 20 alunos inauguraram a ideia. Hoje, maior, o projeto conta com 100 crianças e adolescentes dando seguimento ao sonho.

Convidada por uma professora de uma academia local, Jay aceitou o convite de colocar em prática uma ideia que mesclava o social e a dança. Segundo ela, a iniciativa fazia parte de um sonho antigo e familiar.

“Tudo vem da minha própria experiência de vida. Fui uma bailarina com poucos recursos e vi no esforço feito pela minha avó uma oportunidade de viver pela dança e para a dança. Ela me abriu uma porta, e minha bolsa de estudos na Europa foi o 'avião' onde eu pude viajar pelo conhecimento e me tornar uma professora de balé”, lembrou.

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Na Ponta do Pé/Paulo Rabêlo

“Estou aqui porquê sei que, assim como eu, existem muitas pessoas que estão esperando apenas uma porta ser aberta à sua frente. Quero dar a minha contribuição. Sempre foi um dos meus grandes sonhos”, completou.
Jay tem em mente ser para os alunos o que sua avó foi para você. Para isso, conta com suporte de madrinhas. A ideia surgiu ainda no início da caminhada, quando alunas veteranas da academia se propuseram a custear o material de dança das crianças. Hoje, as 100 crianças são amadrinhadas. 

As madrinhas custeiam o material de dança, roupa e sapatilhas. Além do suporte inicial, há também o auxílio em datas comemorativas com presentes – e presença. A iniciativa também conta com a parceria da ONG Mirim Brasil, organização que atua no processo de divulgação e, principalmente, com o papel social.

A pediatra Monique Passos, uma das madrinhas do projeto, dedica parte do tempo livre ao ambulatório que montou juntamente ao Pontinha de Futuro para atender os alunos voluntariamente. As consultas são periódicas. 
"É de grande importância que a criança participe desse momento, ainda mais nessa etapa da vida. Para isso, estamos aqui atendendo crianças de 3 a 18 anos", explica a médica.

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Reprodução/tv

Luciana Barroso, mãe de uma das alunas, reforça a importância desse tipo de apoio. "Às vezes, as crianças não estão bem, nós não temos esse conhecimento da saúde e trazemos para aula, mas elas não podem fazer o exercício. É importante o acompanhamento", acredita.

As crianças também participam de atividades de desenho e escrita – normalmente ao fim do horário de aula. Este ano, elas escreveram cartas para a paquistanesa Malala, a mulher mais jovem da história a receber um Prêmio Nobel da Paz. As cartas foram entregues em março pela Mirim Brasil.

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