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Após tantos anos longe, Seleção Brasileira finalmente conheceu os Aflitos

Partida vai ficar marcada na história do estádio

reportagem: vinicius melo

edição: lucas holanda

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FOTO: vinicius melo

A seleção brasileira Sub-23 enfrentou a Venezuela no dia 10 de outubro, no Estádio dos Aflitos, e garantiu a vitória sem muitas dificuldades. A partida faz parte da preparação para o Pré-Olímpico de 2020. No primeiro de dois amistosos disputados em Recife, sendo o segundo contra o Japão na Arena Pernambuco, a equipe comandada por André Jardine venceu os venezuelanos por 4 a 1, com gols de Douglas Luiz (Aston Villa), Pedro (Fiorentina) e Antony (São Paulo), que balançou as redes duas vezes.
 
Com o fim da série C, o Náutico, que se sagrou campeão, não jogará até o fim do ano. Assim, o Eládio de Barros Carvalho, casa do Timbu, tornou-se palco para a primeira partida da seleção brasileira em qualquer categoria da história do estádio, inaugurado em 1939 e reformado recentemente. Ao todo, foram oito jogos realizados da categoria sub-23 em Pernambuco, sendo sete no Arruda e um na Ilha do Retiro. O retrospecto é bom, com seis vitórias, um empate e uma derrota, segundo dados levantados pelo jornalista Cassio Zirpoli em seu blog. Porém, a partida mais memorável da amarelinha em terras pernambucanas, sem dúvida, aconteceu há 26 anos, numa goleada histórica contra a Bolívia, que garantiu a classificação brasileira para a copa do mundo de 1994.
 
A fatídica partida carrega até hoje um significado enorme para a seleção, que nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 1994, pela primeira vez na história via a classificação ameaçada. "Aquele jogo mudou a história da seleção brasileira". A definição é do ex-zagueiro Ricardo Rocha, campeão de 94, em entrevista à Rede Globo. Ricardo, conhecido na época como Xerife, nasceu e cresceu no Recife e foi revelado para o futebol com a camisa do Santa Cruz. O Xerife foi xodó dos tricolores e motivo de orgulho para os recifenses. Naquelas eliminatórias, a seleção sofria com as vaias da torcida, após um empate com o Equador e uma derrota por 2 a 0 para a mesma Bolívia, que deixou a seleção com um pé fora da copa .
 
74.090 torcedores apaixonados lotaram as arquibancadas do Arruda para apoiar o time estrelado comandado por Alberto Parreira. O jogo que terminou em 6 a 0 para o Brasil ficou eternizado na memória dos que ali estavam, como relata o torcedor Sérgio Gaudêncio, 54: “Aquele jogo foi inesquecível. Só uma palavra pode resumir aquela vitória: superação! A conquista foi resultado da união da vontade inequívoca dos jogadores em mostrar que eram capazes de dar a volta por cima com o apoio emocionado, intenso e emocionante de uma torcida que acreditava e que resolveu dividir a responsabilidade do êxito com os atletas em campo. Sintonia perfeita entre o desejo e o empenho. Um time formado por 70 mil jogadores. Imbatível, vitorioso, triunfante. Ali nascia o tetracampeão mundial de futebol. É muito bom ver essa camisa aqui em Recife de novo, ainda mais na casa do meu Timbu.”

Dessa vez, não com a seleção principal, mas a olímpica, o amistoso contra a Venezuela nos Aflitos foi marcado pela pela boa convivência entre torcedores rivais, apesar do pouco policiamento disponível. Camisas do Santa Cruz, Sport e Náutico misturaram-se às verde e amarelas formando uma só voz em apoio aos jovens jogadores. Assistir um jogo no estádio dos aflitos foi algo inédito para muitos torcedores dos clubes rivais, como foi o caso do torcedor do Santa Cruz, Lucas Sampaio, 27: “Aqui em Recife criamos esse medo de ir a clássicos, não sem motivo, porque a violência quase sempre é presente nesses jogos. Essa partida de hoje, mesmo que seja a seleção brasileira, prova que as três torcidas podem sim conviver em paz. Se esse clima de hoje fosse o mesmo com os clássicos recifenses, poderíamos fazer um intercâmbio de torcedores pelos três estádios, sem temer a violência, e assim veríamos muito mais crianças nos estádios, que serão as próximas gerações de torcedores, como vimos hoje aqui nos Aflitos. Adorei conhecer os Aflitos, sempre achei absurdo o fato de ser tão apaixonado por futebol, morar tão perto e nunca ter visitado esse estádio histórico, assim como é a Ilha do Retiro.”  

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