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Remo: tradição e muitos benefícios à saúde

 Modalidade ainda precisa de investimentos para voltar aos tempos de glórias

reportagem: OSMAR CORDEIRO

EDIÇÃO: LUCAS HOLANDA

O remo é uma das práticas esportivas mais antigas. Estima-se que seja praticada desde 1300 na Itália, onde as pessoas disputavam corridas de barco nos rios do país, mas os registros das primeiras regatas oficiais são de 1775, no Rio Tâmisa, na Inglaterra. No Brasil, embora hoje em dia seja pouco falado, o remo já foi o esporte mais popular do país no início do século 20. Praticado principalmente em rios e lagos, a modalidade baseia-se em completar um trajeto delimitado, em um tempo menor do que os oponentes, contando com o auxílio de remos para conduzir a embarcação. As competições oficiais de remo podem ser divididas em oito categorias
 

A necessidade de controlar vários elementos físicos e mentais faz do remo um dos esportes mais completos, que reúne força, equilíbrio e concentração, além de um melhor controle da respiração. A modalidade impacta diretamente na saúde de quem a pratica, como é o caso de Bruno Galindo, que rema há mais de 20 anos. “O remo trouxe disciplina e espírito de equipe. Na parte da saúde, traz mais disposição, melhora o sistema cardiorrespiratório e as taxas, tônus muscular e o principal: controla o estresse do dia a dia”, revela o remista.
 

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CRÉDITO: GUILHERME RODRIGUES

 “O remo precisa de uma cobertura melhor pela mídia. Antigamente existia um diário de notícias, onde o setorista Edvaldo Leandro fazia uma ótima cobertura. Isso era fundamental para a popularização do esporte. Hoje, a gente tem uma mídia que não liga para o remo”

O REMO TAMBÉM É COMPANHEIRISMO E UNIÃO

As muitas qualidades e benefícios para a saúde fizeram com que essa modalidade fosse a mais praticada no início do século passado. Em Pernambuco, o remo começou a ser praticado em 1885 pelos ingleses que vinham ao Recife em busca de açúcar e remavam para esperar o produto ficar pronto nas usinas. Trazendo essa cultura para o estado, em pouco tempo, fundaram o clube Interino. Mesmo com uma característica bem elitista na época, o remo se popularizou de maneira muito rápida, sendo o principal esporte do estado até meados da década de 50.

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Durante os campeonatos, o Rio Capibaribe reunia vários remadores para a disputa das regatas, levando trazendo também um grande público para acompanhar o evento, além da presença de bandas e fanfarras que animavam ainda mais a atração. Náutico, Sport e Barroso eram as grandes equipes de remo no período. O atleta Renê Cordeiro, remista do Náutico por dez anos durante a década de 60, lembra a importância do esporte e comenta alguns de seus feitos. “Era uma época de muito privilégio para o remo. Treinava na Rua da Aurora e muitas pessoas paravam para ver os barcos. Nas competições, disputei em uma época que o Náutico tinha grande supremacia, conquistando oito títulos em dez anos. Também recebi do clube um título de sócio emérito pelas minhas conquistas. Posso te dizer que o remo foi muito importante para envelhecer com saúde”, finaliza Renê.
 

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CRÉDITO: GUILHERME RODRIGUES

Preparativos antes de entrar na água

Durante os anos 70, o remo no estado perdeu um pouco da característica elitista, passando a incluir não só pessoas em busca de uma atividade física, mas também aqueles que tinham necessidades especiais. As garagens de remo, por exemplo, ofereciam cafés da manhã muito fartos, fazendo com que várias pessoas de baixa renda entrassem em algum clube remo pela merenda oferecida.
 

Atualmente, a modalidade em Pernambuco não tem a mesma força que teve anos atrás. Os clubes não têm um bom rendimento e, com o grande aumento nos preços dos materiais, que agora são importados e feitos com fibra de carbono, o custo para administrar um clube de remo ficou muito mais elevado. Além disso, ainda há uma enorme dificuldade para conseguir patrocinadores dispostos a apoiar o projeto. O clube de melhor situação para prática do esporte no estado é o Cabanga Iate Clube, pois conta com parceria de muitos empresários que ajudam a custear os equipamentos e a manter a boa estrutura.
 

“O remo precisa de uma cobertura melhor pela mídia. Antigamente existia um diário de notícias, onde o setorista Edvaldo Leandro fazia uma ótima cobertura. Isso era fundamental para a popularização do esporte. Hoje, a gente tem uma mídia que não liga para o remo”, finaliza o diretor de remo do Clube Náutico Capibaribe, Luiz Antônio de Melo.

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CRÉDITO: GUILHERME RODRIGUES

Mesmo sendo ignorado pela mídia, o remo influencia diretamente na vida de muitas pessoas. 

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