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A quem pertence o futebol?

Como é, para um LGBT que não se encaixa nos padrões heteronormativos, conviver no mundo futebol?

reportagem: HENRique Viana

EDIÇÃO: Lucas holanda

O futebol é o principal esporte do mundo. E aqui no Brasil não é diferente. A relação entre torcedor e time começa desde pequeno e normalmente aumenta com o passar dos anos. Por ser uma atividade tão popular, é comum que seja motivo de união de grupos desde o período escolar, unindo alunos, em sua maioria, meninos heteronormativos, ou seja, com jeito "masculinizado", não feminino.

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Mesmo o futebol sendo um esporte de massa que, na teoria, pertence a todos, é comum que pessoas heteronormativas se apropriem do esporte, excluindo quem não se encaixa no padrão. Gustavo Lapenda é gay, tem 18 anos, terminou o ensino médio e é apaixonado por futebol. Ele diz que, a partir do momento que se descobriu, os meninos com quem ele andava e comentava sobre futebol deixaram ele de lado.

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"Eram raras as vezes em que eu encontrava alguém como eu no meio do futebol. Minha relação com esse grupo (meninos fãs de futebol) foi sempre próxima, até eu sair do armário. Sempre fui parte desses grupos e tinha que performar uma heteronormatividade que não era natural pra mim, e entrei em um dilema. Fazer o que gosto aceitando calado ou não fazer o que gosto e ser quem eu sou."

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Crédito: Arquivo pessoal

GUSTAVO LAPENDA NA PARADA LGBT DO RECIFE, EM 2019.

A paixão pelo futebol é, em tese, democrática, pois esse amor pode se espalhar por todos os tipos de pessoas, mas como uma pessoa que foge do suposto padrão se sente? Gustavo Lapenda é alvirrubro e, apresar da paixão pelo futebol, acha que não pertence ao ambiente.

Gustavo LapendaPor: Henrique Viana
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A luta contra homofobia é um dos objetivos da Confederação Brasileira de Futebol este ano. Os árbitros estão instruídos a paralisarem as partidas caso haja ofensas homofóbicas por parte da torcida. Apesar do esforço, os estádios estão longe de ser locais seguros para qualquer pessoa que não se enquadre no padrão heteronormativo.

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"Enfrentei muitos obstáculos por ser LGBT, um deles foi o futebol. Esse meio é bem machista, e consequentemente, homofóbico. Então senti que não pertencia a esse ambiente", disse Lapenda, que evita frequentar estádios.

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Crédito: Arquivo pessoal

É quase um consenso a saída para reduzir tensões sociais é a educação, mas Gustavo não acha que trilhamos o caminho certo. "Infelizmente, não existe educação nas escolas de base que desconstrua os estereótipos de gênero, que está enraizado na sociedade e se reflete no futebol".

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Em Pernambuco, os três principais clubes da capital - Náutico, Santa Cruz e Sport - ainda estão longe de fazerem campanhas afirmativas que acolham ainda mais os torcedores LGBTS. Já o Bahia, companheiro de região, vem se destacando por promover ações que buscam minimizar o preconceito e tornar o estádio um ambiente agradável para todos.

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Entre as ações realizadas pelo Bahia estão a realização de campanhas de marketing e associação específicas para este e outras minorias políticas, além de realizarem ações sociais.

Lapenda visitando o Cape Town Stadium, Arena da Copa do Mundo de 2010, que foi realizada na África do Sul.

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