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Paixão pelo esporte até

dentro d’água 

Mesmo com uma rotina puxada de treinos, Clarissa Rodrigues não abre mão da modalidade com a qual já ganhou mais de 400 medalhas

reportagem: lorena aguiar

edição: letícia sarinho

Segundo o Diagnóstico Nacional do Esporte, levantamento divulgado em 2015 pelo Ministério do Esporte, no Brasil, apenas 25,6% da população é praticante de algum esporte. Entre os mais comuns, a natação aparece apenas como quinto colocado. No entanto, a atividade traz inúmeros benefícios à saúde: nadadores possuem 41% menos riscos de sofrerem morte por infarto ou doenças cardíacas, por exemplo, de acordo com estudo da Swim England. Quem percebe esse impacto direto da natação é a atleta profissional Clarissa Rodrigues, 20 anos, apaixonada pela modalidade desde criança. “Meus pais me colocaram em uma escolinha de natação e desde então nunca parei. Sempre amei ficar na água”, explica. 

A recifense carrega um histórico enorme de vitórias. Parou de contar títulos aos 15 anos, quando sua coleção já passava de 400 medalhas. Tudo começou quando o pai, Carlos Rodrigues, a colocou numa escolinha de natação, aos três anos de idade. Aos seis, ela pediu para fazer balé e levou apenas três meses na nova atividade para perceber que a sua paixão era mesmo pela água e não pelas sapatilhas e tutus.

“A princípio era apenas porque ela sentia prazer de estar todos os dias na piscina”, relata Joseni Rodrigues, mãe de Clarissa. O comprometimento começou quando o técnico Raul Fuentes viu Clarissa nadando e a convidou para integrar a equipe de natação do Sport Club do Recife. “Comecei a participar de competições e a treinar mais sério. Foi aí que passei a acreditar que podia ir longe com a natação”, conta a atleta.

Raul, primeiro técnico de Clarissa, que a acompanhou até os 15 anos, conta que, ainda criança, a nadadora já tinha facilidade para o esporte aquático. “Percebi na piscina que, com apenas 8 anos, ela se movimentava na água com muita facilidade, mesmo sem a técnica”, explica. O que marca a memória do técnico é a atitude de Clarissa. “O talento como nadadora, a disciplina nos treinos, a frieza e raça na hora de competir”, lembra. Atualmente, ela continua com ações semelhantes. “É preciso confiar em si próprio, não ter medo do adversário e entrar na competição querendo dar o seu melhor”, conta a atleta.

Além de ter sido o motivo para Clarissa e a família se mudarem para São Paulo, em 2015, a natação também acelerou o amadurecimento da jovem. A mudança de estado ocorreu pelo fato de os clubes de São Paulo proporcionarem uma melhor estrutura. Atualmente, ela treina no Esporte Clube Pinheiros. A vida de atleta a ensinou a levar a sério suas responsabilidades. “Na natação a gente tem que ser bem disciplinado, isso reflete fora da água, nos estudos e na vida pessoal”, relata.

Boa parte disso é fruto de um treinamento físico pesado, que inclui nove treinos na piscina, de segunda a sábado, além de três treinos de musculação. Para potencializar a capacidade corporal, Clarissa conta que também precisa exercitar bastante a mente. “Eu sempre repito para mim mesma quando estou querendo desistir: ‘você consegue’,‘vai Clarissa, faltam 2’,‘agora você tem que suportar, esse é o final da prova’...por isso acho que para ser nadador tem que ter uma cabeça muito boa. Ter uma cabeça fraca não te ajuda”, conta. A atleta relata ainda que a natação é um esporte solitário. “É você que cai na piscina e nada 4 km todo santo dia de manhã e de tarde, sozinho, com a cabeça dentro da água”, explica. 

Apesar disso, a vida esportiva já possibilitou grandes oportunidades a Clarissa, como conhecer mais de 13 países, em diferentes continentes, além de muitos estados do Brasil. “Meu sonho sempre foi visitar Paris e ele foi realizado graças à natação, foi a melhor viagem da minha vida. Outros dois lugares que me marcaram muito foram o Japão e Singapura”.

Durante toda a trajetória como nadadora, quem sempre deu apoio na rotina corrida foram os pais. “Eu a acompanhava diariamente, de segunda a sábado, levando-a aos locais de treino, muitas vezes saindo de casa às cinco horas da manhã”, explica Carlos. Além disso, ele conta que sempre a levava ao médico, fisioterapeuta e psicólogo. Já Joseni se preocupava com outra questão. “Eu mesma fazia uma alimentação diária diferenciada para ela”, conta.

Para o futuro, a atleta, que já participou de copas do mundo de natação, tem grandes planos. “Estou treinando para a seletiva do Brasil que vai rolar em abril do próximo ano. Lá, o Comitê Olímpico Brasileiro vai definir a seleção brasileira que vai para as Olimpíadas”, revela.

Por parte dos pais, a sensação é de orgulho. “Valeu a pena até hoje todos os nossos esforços”, relata Joseni. Para Clarissa, a importância do esporte na sua vida é ainda maior. “Significa felicidade, minha vida e meu trabalho. Sinto que é o lugar em que eu sempre vou estar mais feliz, realmente não tem preço fazer o que eu amo”, conta a nadadora.

Imagens cedidas pela entrevistada

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