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Mulheres lutam por respeito e regulamentação do Futebol Americano Brasileiro

Embora apresente crescimento de público e atletas, o esporte ainda é considerado amador e não rende estabilidade para que haja dedicação integral dos jogadores

reportagem: maria Eduarda frança

edição: gabriela castello buarque

O futebol americano tem conquistado fãs no Brasil. Quem garante á diretora de comunicação da Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA), Mariana Leite, que também atua no Recife Mariners, time mais popular da modalidade em Pernambuco. Para ela, a audiência  na cobertura da NFL (a liga norte americana) e até da própria liga masculina de futebol americano no Brasil, a FABR, demonstram crescimento de interesse público. Em paralelo, o universo das ligas e times femininos também ganha cada vez mais espaço dentro do esporte. 

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maria Eduarda frança

“Este ano por exemplo as semifinais e a final do brasileiro de futebol americano serão transmitidas pela ESPN, isso só mostra força que o futebol americano vem adquirindo”, comenta a  jogadora de Flag Football e gerente administrativa Jéssica Cavalcanti. 

 

Além disso, também neste ano, pela primeira vez a Liga BFA criou a divisão Feminina, que contou com a participação de oito equipes Full Pads, entre as mais de 100 registradas, segundo a CBFA. Já no Circuito Nacional de Flag football, principal competição do país, 85 equipes se inscreveram para jogar no ano de 2018. Destas, 60% foram femininas e 40% masculinas.

“O que a CBFA está plantando hoje, só vai ser colhido daqui uns 20 anos”. - Mariana Leite, diretora de comunicação da CBFA

“Ítalo Mingoni, atual gestor da CBFA, está atento às mudanças e, apesar de jovem, já consegue vislumbrar a importante contribuição que nós mulheres, podemos e estamos dando à gestão dele. Existem mulheres nas chefias de operações, comunicação, jurídico e inclusive no campo”, relata Mariana Leite. 

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A presença feminina se intensificou em 2009, quando o “Lingerie Football League” surgiu com o " diferencial" das jogadoras usarem apenas sutiãs e calcinhas. Apesar de ter despertado atenção, o time mudou de nome para Legends Football League, mas manteve o "uniforme", o que desperta críticas. ”Esse tipo de competição não auxilia em nada no crescimento do futebol americano entre as mulheres. Pelo contrário, estimula o machismo e a objetificação da mulher”, afirma Mariana. 

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Em maio, o Recife Mariners começou um time feminino de Flag Football, modalidade derivada do futebol americano, diferente do mais conhecido Full Pads. “O Flag tem cinco atletas de ataque e cinco de defesa. Em relação a tática e playbook, se assemelha em vários aspectos com o futebol americano, a grande diferença é que não é um esporte de contato. Duas fitas, que ficam presas na cinturas, são retiradas quando a atleta está em posse da bola e, quando isso acontece acaba” conta a jogadora de Flag Football e gerente administrativa Jéssica Cavalcanti.

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Esse crescimento dos times de Flag, e outras modalidades, tem dado às mulheres a oportunidade de praticar o esporte. No entanto, ainda não conquistaram a possibilidade de viver apenas do futebol americano. Por isso, a maioria das atletas tem um trabalho e estudam. Além dos gastos com o esporte, existe o risco de lesões durante os jogos, o que as forçaria a pausar, ou até parar com a carreira esportiva, e ainda atrapalhar bastante a vida pessoal e profissional fora do campo.

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O time feminino do Recife Mariners, com cinco meses de existência, está em busca de espaço no cenário do flag Nordeste. Em dezembro, as jogadoras participarão do primeiro campeonato oficial do time. Apesar do pouco tempo, elas já jogaram contra times notáveis e mais experientes como o Bulls e o Scorpions, de Natal e do Rio Grande do Norte.

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Até hoje, futebol americano ainda não é regulamentado, inclusive no cenário masculino, onde é muito difícil ver casos em que jogadores possam viver apenas do esporte. “O que a CBFA está plantando hoje, só vai ser colhido daqui uns 20 anos. A previsão pode parecer um pouco absurda, mas fazer esporte amador no país do futebol é extremamente difícil”, pondera Mariana.

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