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Karatê para baixinhos: a influência da arte marcial na infância

Artes marciais, assim como outros esportes, humanizam e ensinam valores importantes que os atletas levam para toda a vida

reportagem: bárbara gabriele

edição: gabriela castello buarque

A grande maioria dos casais quando recebem a notícia da gravidez já começam a sonhar nas milhões de possibilidades relacionadas aos filhos: como irá se chamar, onde vai estudar, o que vai fazer, será que vai ser atleta? Ou  artista? Por que não os dois? Mas, acima de todas essas questões, a maior preocupação é que tipo de pessoa o filho se tornará futuramente.

 

Por isso, muitas famílias - pelo menos as que têm boas condições financeiras -  procuram meios para guiar as crianças de uma maneira leve e que, ao mesmo tempo, ensine valores, não deixando de fora a educação  parental do lar, a base para tudo. Dessa forma, as atividades extraescolares são as principais escolhas para complementar a educação logo na infância, em especial as esportivas.

 

Além disso, iniciar uma prática esportiva ainda na infância contribui  para o crescimento saudável,  físico, ético e social da criança. Com o contato humano, a criança aprende, aos poucos, princípios da comunicação, do respeito, a lidar com diferenças, trabalhar o foco e até mesmo melhorar o contato com objetos e limites materiais.

Neste sentido, a arte marcial se tornou uma alternativa para pais que querem os filhos em um esporte “fora” do convencional futebol. Por isso, a primeira coisa a ser pensada quando a opção é por uma arte marcial é a autodefesa. O que eles não imaginam é que a arte marcial proporciona muito mais do que isso. Como é o caso do Karatê para Gabriel Rodrigues, hoje com 23 anos. Hiperativo desde criança, ele teve o primeiro contato com o esporte  aos  8. Desde então, para alegria dos pais, a modalidade tem ajudado na melhora da hiperatividade.

“O karatê me ensinou a ser paciente e cuidadoso em tudo que faço. Uma das coisas mais interessantes neste esporte  é que os alunos mais experientes costumam acompanhar os mais novos. Isso me ensinou a compreender e respeitar o tempo e o  desenvolvimento pessoal de cada um”, afirma.
 

A paixão de Gabriel  pelo esporte o fez crescer na prática trazendo para ele reconhecimento e, através do esforço e da determinação foi campeão regional na sua categoria. Hoje, Gabriel leva para a vida os  ensinamentos através das experiências, principalmente o lemas do Dojo Kun, o código de ética do Karatê, que entre eles têm em primeiro lugar o “Esforçar-se para formação do caráter”. Estes dogmas transpassam as bordas do tatame e  inspiram cada vez mais o engrandecimento pessoal e social dos atletas.
 

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Gabriel se identificou tanto com o karatê, que hoje, “trocou de papel”. O ex atleta infantil agora assume a liderança de turminhas de três a cinco anos de idade em escolas da Região Metropolitana do Recife. De acordo com ele, a evolução e o aprendizado que começaram  quando ainda era criança  aumentou ao longo dos anos, de forma que o faz se sentir mais próximo dos pequenos.
 

Essa relação é recíproca.  Assistindo a uma aula de Gabriel, é possível perceber  a grande admiração  que as crianças têm pelo mestre. Elas assistem com muita alegria e atenção a cada movimento, os repetem com tanto ânimo e entusiasmo que nos fazem esquecer da grande diferença que o tamanho das pernas podem fazer na hora da execução de um golpe. Durante a aula, Gabriel repete aos alunos  a real importância de controlar o espírito agressivo e que o karatê não é uma arma e sim uma arte. Aparentemente,  elas entendem isso pois, de acordo com as professoras que estavam por perto, até mesmo os mais “danados” da turma apresentaram  melhoras significativas no comportamento desde que começaram a prática. 

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Gabriel tem muito orgulho do que se tornou após o seu primeiro contato com o Karatê, ele assume que sua melhora na hiperatividade, entre outros benefícios que a arte marcial lhe proporcionaram, fez uma grande revolução na vida dele, contribuindo para a formação  de quem ele é atualmente.  O que o deixa ainda mais feliz é ver que agora pode passar tudo isso para os alunos. Para ele, o papel que exerce na vida das crianças vai muito além de apenas mestre de uma atividade esportiva. É um guia de grande importância na formação social e ética de uma, mesmo que pequena, parcela da geração futura.

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