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Elas também merecem
os pódios e as telonas

Não importa a modalidade, a maioria dos protagonistas dos filmes com temática esportiva é do sexo masculino

reportagem: nathália fernandes

edição: LUCAS HOLANDA

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foto: Reprodução/ Internet

A maratona foi a primeira modalidade que uma mulher lutou para participar em Jogos Olímpicos

Uma das principais qualidades do esporte é ter influência na vida das pessoas, principalmente motivando os praticantes a superarem seus limites físicos e psicológicos; ajudando a transformar vidas. O resultado disso são histórias que animam e instigam indivíduos. O público quer conhecê-las, principalmente quando elas viram bons filmes. Desde o surgimento do cinema, as partidas esportivas ganharam espaço nas salas de exibição. Até hoje, o esporte é “figurinha carimbada” nos lançamentos cinematográficos no mundo todo, principalmente nos Estados Unidos, país com forte indústria audiovisual e esportiva.Vem de lá, a maioria dos filmes com essa temática.

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Produções como Rocky (1976), Touro Indomável (1980), Karatê Kid (1984), O Grande Dragão Branco (1988), Campo dos Sonhos (1989), Virando o Jogo (2000), Duelo de Titãs (2000), Coach Carter: Treino para a Vida (2005), Desafiando Gigantes (2006), Invictus (2009), O Homem que Mudou o Jogo (2011), A Grande Escolha (2014) foram responsáveis por milhões de faturamento e de público nas salas de cinema, narrando em comédias e dramas as superações de seus protagonistas masculinos. Só com essa lista de sucesso acima, é perceptível que  há uma ausência de narrativas com mulheres que praticam esportes. Ao longo da cinematografia esportiva feminina, a extensão da lista de obras não chega nem perto da masculina. Porém, nem tudo são “derrotas”.


Uma das representações mais louváveis na história recente do cinema é a de Maggie Fitzgerald, boxeadora interpretada por Hilary Swank no filme Menina de ouro (2004). No filme de Clint Eastwood, a relação atleta/treinador e os perigos do esporte profissional são dissecados sem nunca colocar a protagonista em um papel de interesse romântico ou atleta de ocasião. O filme teve sete indicações para Oscar 2005, vencendo quatro delas: Melhor ator coadjuvante (Morgan Freeman), Melhor atriz (Hilary), Melhor diretor (Clint) e o principal da noite, o de Melhor filme.

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Outro que assume uma postura similar, mas saindo do drama para comédia, é Uma equipe muito especial (1982), dirigido por uma mulher, Penny Marshall. A trama principal tem como base a história real do baseball feminino, no período da Segunda Guerra Mundial, e aproveita o conceito de um time para retratar e representar mulheres de diferentes personalidades e histórias. A obra foi uma das películas que garantiu a Marshall o título de “A primeira mulher a dirigir dois filmes ganhando acima de 100 milhões de dólares”.

 

foto: Reprodução/ Internet

 O filme ainda tem um “plus” com participação de ícones feministas como Geena Davis e Madonna

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Quando se observa a cinematografia brasileira, a situação fica crítica. Mesmo com notáveis atletas, resultados e histórias de vidas que marcaram o público com reportagens em programas como Globo Esportes, Esporte Fantástico, Domingo Espetacular, Globo Repórter e Fantástico, no cinema há poucos exemplos de obras com temáticas esportivas. Com a exceção de Senna (2010), Heleno (2011) não há grandes lançamentos. 


Até mesmo craques como Pelé e Garrincha, que povoam o imaginário futebolístico do país, não levaram muitas pessoas às salas de cinema com os Garrincha - Estrela Solitária (2005) e Pelé - O Nascimento de uma Lenda (2017), este com sua produção e direção realizadas por americanos e com personagens moradores das favelas do Rio de Janeiro falando em inglês.

 

 

O mesmo pode-se falar dos filmes de Anderson Silva: Como Água (2011) e Aldo - Mais Forte que o Mundo (2016), entretanto este último na versão minissérie exibida na Rede Globo, disputou em 2018 o Emmy Internacional na categoria de Telefilme.

 

foto: Reprodução/ Internet

O único prêmio de “Heleno”  foi o de “Melhor Ator” para Rodrigo Santoro no papel principal

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foto: Reprodução/ Internet

Daiane foi a primeira ginasta brasileira, entre homens e mulheres, a conquistar uma medalha de ouro em uma edição do Campeonato Mundial

Aída dos Santos, a primeira mulher brasileira a disputar uma final olímpica, ficou em quarto lugar no salto em altura na competição de Tóquio, em 1964, sendo a única mulher da delegação do Brasil na ocasião; Hortência, uma das maiores jogadoras brasileiras de basquete de todos os tempos e as mais recentes estrelas do esporte nacional, Daiane dos Santos, Marta, Graziele de Jesus, Edinanci Silva, Natália Falavigna, Rafaela Silva possuem memórias e vitórias que renderia filmes, porém cinebiografias ou obras ficcionais inspiradas em fatos reais com esportistas mulheres ainda não foram realizadas no Brasil. 

 

“A opressão que impediu muitas mulheres de atingirem o estrelato nos esportes, e deixou suas histórias em volume baixo, carrega parte da culpa por esse fenômeno. A representatividade feminina no esporte está aumentando, mas temos muitas atletas icônicas que ainda estão vivas e na ativa – um tabu para o cinema que prefere adaptar histórias de vida terminadas, arcos concluídos”, opina a publicitária e pesquisadora em cinema, Maria Clara Matta.

vídeo: Divulgação / Buriti Filmes

​ Mulheres Olímpicas é dirigido por Laís Bodanzky e conta com depoimentos de dezenas de atletas

Um ponto fora da curva do cinema comercial é o documentário. Apesar dos números mostrarem aumento na produção (44 em 2016, 60 em 2017, 85 em 2018 com base nos relatórios da Ancine, Agência Nacional do Cinema), conseguir espaço na programação das salas é uma das dificuldades históricas que o cinema documental encontra no Brasil. Contudo, quando o assunto é esporte, temos diversos exemplos de curtas e longas que falam sobre times e torcidas de futebol e até sobre sobre atletas mulheres como 5X Yane (2014) e O Nado de Joana (2015), obras que narram a trajetória de Yane Marques e Joana Maranhão. Mulheres Olímpicas (2013) é uma obra documental que mostra como a história da mulher no esporte pode se confundir, muitas vezes, com a história da mulher como um todo. Desenvolvida pelo projeto Memória do Esporte Olímpico Brasileiro, o projeto teve sua estreia reduzida a um canal de TV paga.

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foto: Reprodução/ Internet

 Mariana da Silva participou da peneira do Flamengo e é uma das personagens do documentário "Geração Peneiras", um dos filmes exibidos no festival

Muitos dos documentários realizados são de difícil acesso para o público geral. Na tentativa de “dar saída” a esses projetos produzidos que não chegam aos cinemas comerciais e alternativos, a 10ª edição do Cinefoot - Festival de Cinema de Futebol, realizada em setembro nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Niterói e Belo Horizonte, teve a preocupação de trazer o máximo de diversidade possível entre os 44 filmes selecionados, sendo 20 de países estrangeiros, 9 tinham temáticas femininas.

 

Para quem ficou com curiosidade ou vontade de assistir obras com a temática feminina nos esportes, a lista abaixo vai ajudar! São 14 filmes com diferentes modalidades esportivas que mostram que o sexo feminino tem talento, esforço e carisma suficientes para as telonas. Confira!

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