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E-sports: A indústria bilionária cresce no Brasil 

Na indústria de entretenimento que mais cresce, gamers fora do eixo Rio-São Paulo têm muita dificuldade de se firmar nas competições

reportagem: vinicius BOTELHO

edição: letícia sarinho

A indústria de e-sports é um fenômeno que não mostra sinais de desaceleração. Muito pelo contrário. Os torneios profissionais estão enchendo grandes estádios em todo o mundo com premiações milionárias, enquanto milhões de espectadores sintonizam para assistir aos melhores jogadores em seus jogos favoritos, majoritariamente através de serviços de streaming, como a Twitch.

 

À medida que são feitos mais investimentos, os orçamentos de patrocínio aumentam e mais desenvolvedores seguem uma agenda de e-sports. A indústria continua subindo de força em força - até gigantes esportivos como a FIFA, Fórmula 1 e NFL estão profundamente envolvidos -. Segundo dados do instituto de pesquisa Newzoo, já são 21,2 milhões de fãs de esporte eletrônico. O chamado público entusiasta, que assiste às competições mais de uma vez por mês, somam 9,2 milhões no Brasil, ficando atrás dos Estados Unidos (22,4 milhões) e China (75 milhões).

 

No Brasil, porém, a atuação de times nas grandes competições ainda é pequena. Muitas vezes os melhores times e jogadores do Brasil atuam em ligas da Europa e dos Estados Unidos, países em que os e-sports já estão mais consolidados. O país mais desenvolvido nesse aspecto é a Coreia do Sul, onde os cyber atletas são considerados atletas propriamente ditos. O Brasil caminha em/a passos largos para a profissionalização da modalidade, com investimentos de grandes empresas como Globo (SporTV) e Disney (Espn). Porém, ainda existe uma barreira; o preconceito enraizado na sociedade, em que há um senso comum de que jogar é coisa de criança ou de quem não gosta de estudar.

 

O cenário de e-sports no Brasil é muito concentrado. Equipes fora de São Paulo encontram muita dificuldade em se manter e arrumar recursos para bancar os atletas e seu staff. 100% dos principais campeonatos de e-sports ocorrem em São Paulo, dessa forma, equipes que não conseguem se estabelecer na capital paulista não competem contra os melhores times e jogadores. Aí vem aquela velha máxima: você só se torna o melhor se jogar com os melhores, mas isso raramente acontece. Apesar que, por ser um jogo online, ainda existe uma remota oportunidade de jogar fora de São Paulo, porém, os servidores dos jogos se concentram na região sudeste e dessa forma há uma dificuldade no tocante à latência do jogo (fator que assegura qualidade na velocidade da internet. “Enquanto em São Paulo e no Rio de Janeiro os jogadores jogam com a latência entre 5 e 15ms, aqui em Recife, por exemplo, os jogadores atuam com latência variada entre 65 e 100ms, o que faz com que as ações executadas dentro de jogo tenham um delay por conta da internet. É como jogar futebol com pesos na chuteira”, revela Matheus Botelho, gamer semi-profissional há 5 anos. Além disso tudo, o investimento nos e-sports fez com que os esportes eletrônicos fossem levados ao público e os campeonatos têm sido cada vez mais presenciais, o que dificulta ainda mais a vida de jogadores e organizações de Pernambuco.

 

Por essa cultura ser pouco difundida em Recife, os jogadores sentem falta de um espaço fixo voltado para os gamers. “Infelizmente não existem esses espaços, porém, de tempos em tempos surgem alguns eventos relacionados aos e-sports e a procura por esses eventos é sempre satisfatória. Há uma empresa em específico que concentra forças para tentar realizar a maior quantidade de eventos possíveis aqui em Recife, a Noord Games, mas ainda não é uma coisa fixa, são eventos esporádicos que ocorrem 3 ou 4 vezes ao ano.” Contou Matheus.

 

Em Recife, durante um bom tempo, existia um time chamado Neo Llamas & Friends, que não está mais na ativa por dificuldades de manutenção e alguns desentendimentos entre os sócios. Era o único grupo profissional que tinha um certo destaque dentro do cenário, chegando a revelar dois campeões brasileiros de League of Legends. Fora da cidade, são poucos os eventos relacionados aos e-sports, e os que existem são feitos, em sua maioria, a partir da iniciativa dos próprios jogadores, que encontram muita dificuldade para conseguir recursos.

 

Atualmente, as modalidades que possuem mais destaque são o MOBA (Multiplayer Online Battle Arena), em que temos os principais jogos: DOTA, League of Legends, FPS (First Person Shooter), Counter Strike, Crossfire, Point Blank e Rainbow Six Siege. Além dessa, existe mais uma modalidade que está no mercado há pouco tempo, mas já bateu diversos recordes, o Battle Royale, que tem como principais expoentes o Fortnite, o PUBg e o Apex Legends. A partir desses jogos pode-se perceber um investimento recente em mobile games, jogos feitos para celulares. Muitas equipes enxergaram um mercado nesses aparelhos e começaram a investir em jogos como Clash Royale e Hearthstone. 

 

Tratando de campeonatos do e-sports, temos como principais o CBLOL, Campeonato Brasileiro de League of Legends, que concentra os melhores times do país na modalidade, o Brasileirão de Counter Strike: Global Offensive, que assim como o anterior é constituído pelos melhores times, e o CBCS, Campeonato Brasileiro de Counter Strike, com os times que ainda buscam o topo. Esse evento possui transmissão de 100% dos jogos pelo canal SporTV e foi um campeonato de iniciativa da própria empresa Globo. “Ainda temos o Brasileirão de Raibow Six Siege, onde os melhores times do mundo são de jogadores brasileiros, o que faz organizações de fora do país investirem aqui. O Brasil de modo geral é reconhecido pelo bom desempenho na modalidade FPS e já colecionamos diversos títulos na categoria.” Explica Matheus.

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