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Moda, esporte, religião, negócio ou estilo de vida? O CrossFit pode ser tudo isso!

Modalidade vem crescendo cada vez mais 

reportagem: Nathália Fernandes

EDIÇÃO: LUCAS HOLANDA

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“Fora a melhora no aspecto físico, a dinâmica do treino me deixou muito mais organizado. Meus dias estão melhores. sem contar a disciplina com várias coisas da vida, como o meu sono. Fiz um check-up recentemente e, aos 47 anos, estou com as minhas melhores taxas”

Você pode até não pertencer ao universo dos esportes, frequentar academia, estudar educação física ou se interessar por Saúde e Bem-estar mas já ouviu falar ou conhece alguém que pratica CrossFit. Em um levantamento feito (pela CrossFit Inc.) no ano de 2017, o Brasil ocupava o segundo lugar no ranking de países com maior número de boxes (estabelecimentos exclusivos para a prática do exercício) de crossfit, com 819 ginásios no país.
 

O nome junta “cross”, que significa “cruzar, ultrapassar”, com “fit”, ou “em forma” e denomina uma metodologia de condicionamento físico criada com base em três pilares: movimentos funcionais, variados e de alta intensidade. Normalmente, o CrossFit é reconhecido como um treinamento que une levantamento de peso olímpico, ginástica, atletismo e outras modalidades em atividades intensas. Da mesma forma que a origem do nome, a prática esportiva surgiu nos Estados Unidos, criada pelo personal trainer Greg Glassman no final dos anos 90. 
 

Hoje, aos 62 anos, Glassman não precisa treinar mais ninguém, melhor, ele se tornou dono da marca que dá nome à prática que tem dominado as academias e vem povoando as cidades do país. Proprietário de 100% da CrossFit Incorporation (CrossFit Inc.), Glassman gerencia as diretrizes do método de treinamento, os cursos de formação de treinadores, os direitos de uso do nome e até os eventos oficiais, como a principal competição do esporte, a CrossFit Games. Nas últimas medições divulgadas pela companhia, no fim de 2017, a quantidade de praticantes é estimada em 4 milhões.
 

Em Pernambuco, 36 boxes fazem parte da lista de afiliados do site da CrossFit Inc. Responsável por um dos boxes pertencente ao elenco oficial da “marca”, Felipe Padilha explica como resolveu empreender no ramo: “Fui aluno de um box, entre 2014 e 2015 e em um dado momento, o dono resolveu fechar. Por ser única em Piedade, vi uma boa oportunidade de negócio, me uni com outros alunos e resolvemos abrir nosso espaço. Em 2015, éramos o primeiro box do bairro de Piedade (bairro localizado em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife) e no primeiro mês já equilibramos despesas e receitas”, revela o proprietário.
 

O crescimento da prática no Brasil impressiona. De 2013 a 2019 o número de boxes no país aumentou 5.900%, segundo dados da CrossFit Inc.“Esse crescimento tem chamado a atenção dos americanos que tem investido para crescer ainda mais. Atualmente, a ‘moda diminuiu’, é a maturação do mercado, fica mais visível. Hoje se encontram bons profissionais e espaços que oferecem a prática do esporte e não qualquer um que empreendeu visando o lucro de uma modalidade em ascensão. Acredito que o CrossFit seguirá essa tendência, os que fazem um bom trabalho irão permanecer enquanto outros espaços passaram por mudanças”, pondera Felipe.
 

Crédito: Divulgação

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Uma das turmas da Crossfit Volume of Oxygen - VO2, primeiro box de Piedade, Jaboatão dos Guararapes

Mauro Espíndola começou a praticar CrossFit em 2015. No início, encarado como uma atividade diária, ‘como uma academia’, a atividade acabou ocupando mais tempo do dia e da vida dele, atualmente, Mauro é atleta e já até subiu no pódio em três competições realizadas em Pernambuco. 
 

“Em qualquer esporte, quando você começa a treinar para competir, é preciso dar início a uma rotina diferenciada, uma dieta mais regrada, um acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. Hoje, sou acompanhado por vários profissionais: médico, nutricionista, fisioterapeuta, treinador e até programador de treinos”, explica Mauro. Como todo atleta que se preze, ele garante que para garantir uma melhor performance vale a pena fazer alguns sacrifícios, diminuir alguns momentos de lazer e mudar hábitos, como deixar de consumir álcool. No caso dele, ele conseguiu largar o cigarro.

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Crédito: Divulgação

 Mauro Espíndola (o primeiro da esquerda) no pódio da BTD - Brazil Throwdown 

Para se ter bons resultados não é preciso treinar para ser atleta, como afirma André Araújo, colaborador de uma empresa de games do Recife. “Fora a melhora no aspecto físico, a dinâmica do treino me deixou muito mais organizado. Meus dias estão melhores, sem contar a disciplina com várias coisas da vida, como o meu sono. Fiz um check-up recentemente e aos 47 anos, estou com as minhas melhores taxas”, afirma André que pratica o esporte há pouco mais de um ano.
 

Geralmente, os treinos duram uma hora e são realizados em média três vezes na semana, divididos em quatro momentos: aramp (o aquecimento), parte de força (ou técnica), WOD (Workout of the Day, ou treino do dia) e o cool down (finalização para dar uma desacelerada). Com essa formatação, o CrossFit sustenta o argumento de diversidade de exercícios. “Além da diversidade dos exercícios, há espaço para uso de algumas ferramentas (corda, pneu, halteres, barras, argolas, entre outros) e isso ajuda desenvolver várias capacidades motoras, como também, maior resistência”, explica Giovanni Aciolli, profissional de educação física e coach em um box localizado na Zona Norte do Recife. “No CrossFit, você treina para um fim, não importa se é a busca por uma mudança estética,  por uma melhor qualidade de vida e desempenho no dia a dia ou uma preparação esportiva (em outro esporte ou no próprio crossfit), finaliza Giovanni.
 

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Crédito: Julio Acioly

Para quem tem problema como horários, o CrossFit ainda traz uma característica que pode ser vista como uma vantagem: hora marcada. Os boxes possuem uma variedade de horários para os treinos, mas a pessoa precisa agendar (a maioria dos lugares têm aplicativo ou uma plataforma online) o horário escolhido. “Ao contrário da academia que você pode treinar a hora que quiser, o CrossFit tem horário fixo. No início achei ruim, mas depois de um ano de atividade, o esporte tem me ajudado a ser mais pontual na vida”, comenta Amanda Lopes, analista da área de Pessoas do Porto Digital. 

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Uma das funcionalidades da hora marcada é a aproximação das pessoas da turma. “Você consegue manter o vínculo com as pessoas e isso gera uma ‘competição’, uma junção entre cooperação e competição”, conta André. O vínculo com a turma gera um senso de comunidade que acaba rendendo traços comparados ao que acontece nas religiões e isso já foi motivo de afastar praticantes. “Quem entra de cabeça, começa a viver aquela realidade. Durante os seis meses que passei, me aproximei de alguns hábitos como dieta low carb, por exemplo. É inevitável não ouvir as experiências de cada um e se sentir compelida a fazer o mesmo pra ter um corpo ‘melhor, existe uma pressão social’”, opina Maysa Aquino, arquiteta e ex-praticante da modalidade.

Giovanni Aciolli atua como coach de CrossFit há dois anos

É perceptível a ascendência do CrossFit. Ele pode ser moda, esporte, religião, negócio e estilo de vida, depende do grau de intensidade da pessoa que vai realizar os exercícios. Se for intenso mesmo, dá até pra virar atleta! Se você teve interesse em conhecer o CrossFit, a maioria dos boxes oferece uma aula experimental. Antes de começar a investida no esporte, é preciso uma avaliação de aptidão fornecida por um médico e no decorrer da atividade, don't cross your limits (não ultrapasse seus limites)!  

Site da CrossFit Inc.: https://www.crossfit.com/ 
Crossfit Volume of Oxygen - VO2 (box de Felipe Padilha) - @crossfitvo2
Mauro Espíndola (atleta de CrossFit) - @mauroespindola
Giovanni Aciolli (profissional de educação física e coach de CrossFit) - @pirraialpo

Confira um bate-papo com Amanda Lopes e André Araújo que praticam CrossFit há aproximadamente 1 ano:

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