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Cavaleiro profissional explica como treina os cavalos para

o hipismo

Além do cavaleiro, o cavalo também é treinado com disciplina para a prática do esporte

reportagem: petrus barbosa

edição: lucas holanda

O atleta quando pratica algum esporte costuma ser a estrela naquele momento, dividindo a prática eventualmente com outros quando o desporto é coletivo. Mas em poucas modalidades, como o hipismo, por exemplo,  o atleta divide o estrelato necessariamente com um animal maior do que ele e, com certeza, mais forte. O cavalo é uma figura central na prática da modalidade, muitas vezes com um treinamento tão exaustivo e com disciplina tão rígida quanto o cavaleiro. Na escola de equitação da Pratique Hipismo, localizada em Aldeia, na região metropolitana do Recife, os equinos recebem treinamento para garantir a confiança entre o ser humano e o animal e a excelência da obediência aos percursos e saltos.

É através de treinamento de base que o cavalo perde o medo do percurso e do companheiro humano. O simples toque da mão deixa de ser algo que afugenta o animal e passa a não ser mais uma ameaça. A confiança com o  cavaleiro é outro fator que não pode ser deixado de lado. Segundo o treinador e domador Anderson André, apesar do equino ser domado em sua sensibilidade e para que confie nos seres humanos, também deve partir do atleta uma postura de confiar no animal. “Se o animal sentir que você está nervoso, vai sentir pela forma que você está sentado, ou que está agindo e manuseando ele. A confiança vem do atleta e o cavalo sente isso”, afirma.


Casos de desobediências também são revistos e trabalhados durante os treinos, pois qualquer sinal disso pode levar a perda de pontos em provas de torneios e campeonatos. Fatores como mal preparo e treino, má disposição no dia da prova, dores ou fobias podem levar o cavalo a não querer saltar no momento devido, e isso deve ser percebido e corrigido. A psicologia do animal também influencia, precisando ser criativo na solução dos problemas. Anderson exemplifica o medo comum entre os equinos da cor azul, algo que pode atrapalhar durante os percursos de salto. Para solucionar isso, ele demonstrou formas de fazer com que o animal vença esse medo, tal como guiá-lo por cima de uma lona dessa coloração repetidas vezes, até que este se acostume.

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Evitar que o cavalo comece a não querer saltar durante as provas é um dos pontos de atenção do domador com o animal

Saltar cercas é uma das habilidades principais do hipismo, não podendo faltar uma prática constante. Porém, outros fatores também são necessários para que se tire o maior proveito da desenvoltura física e psíquica do equino. Tal como em uma equipe técnica de um time de futebol, o cavalo possui acompanhamento da saúde, sob o olhar de veterinários. Julia Chade, criadora e coordenadora da Escola de Equitação Pratique Hipismo, garante em sua estrutura, por exemplo, este acompanhamento, fornecendo também equipamentos de montarias adequados e um espaço construído segundo as normas de segurança do esporte. “Os cavalos têm acompanhamento veterinário frequente. Fazem exames uma vez por mês e recebem visitas semanais dos veterinários”, afirma. No hipismo, a atenção com a saúde é redobrada, já que diversas vezes foi por problemas com os cavalos que atletas consagrados deixaram de participar de grandes torneios, como por exemplo a retirada do atleta canadense Ian Millar das Olimpíadas de 2016, pois o seu cavalo Dixson havia sofrido uma cirurgia. 
 

Apesar do esforço técnico, a relação entre ser humano e cavalo proporciona a principal característica de sucesso na modalidade. Vendo isso é que a Júlia incentiva o aprofundamento da relação do aluno de hipismo com o cavalo, para que este entenda que é através da confiança que se tem o controle sobre o animal.

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