Artes marciais são alternativa no combate ao assédio
Enquanto as políticas contra o feminicídio e a cultura do estupro tentam obter resultados significativos, as artes marciais surgem como forma de empoderamento para as mulheres
reportagem: HENRIQUE VIANA
edição: lUCAS HOLANDA
O Instituto Maria da Penha realizou uma pesquisa em 2017 que resultou no dado alarmante de que uma mulher é assediada a cada segundo, no Brasil. Esses e outros estudos evidenciam o óbvio: as mulheres não se sentem seguras em diversas situações do dia a dia. Esse comportamento masculino sufoca o direito de ir e vir. Entretanto, algumas vêm buscando uma alternativa nas artes marciais.
Isabella Lima tem apenas 21 anos e já sofreu diversos tipos de assédio na rua e chegou a realizar um Boletim de Ocorrência em sua cidade natal, Vitória de Santo Antão, quando percebeu estar sendo seguida por um desconhecido. Ela decidiu se matricular no kick-boxing para aprender a se defender. "Tinha muita força física porque fazia academia mas não sabia usá-la a meu favor. E, desde que entrei, me sinto muito mais segura e, em caso de emergência, sei como atordoar o agressor para correr", diz a estudante. Ela é a única garota da turma e recomenda que as mulheres aprendam alguma arte marcial para auto-defesa.
ISABELA
Pensando na segurança própria e da filha de 8 anos, Janaína Valeriano, de 35 anos, decidiu que ela e a pequena Beatriz deveriam aprender mais sobre luta. Escolheu o jiu-jitsu. "É melhor saber as técnicas do jiu-jitsu do que precisar utilizá-lo e não saber. Me identifiquei bastante com esta arte marcial e pensei que deveria matricular minha filha também. Vivemos em mundo tão violento e saber algo sobre luta pode salvar as nossas vidas", garante Janaína.
JANAÍNA
BEATRIZ
Já Thayza Rodrigues, a artista visual de 25 anos, pratica duas artes marciais, o jiu-jitsu e o muay thay e afirma que, apesar do ambiente ser taxado como masculino, se sente muito respeitada na academia. "Meu mestre sempre separa alguma aula para nos orientar em situações que podem ocorrer e como podemos nos defender já que temos uma quantidade considerável de meninas na turma".
THAYZA
Thayza Rodrigues relata como as artes marciais a ajudaram em uma situação tensa durante uma festa.